"At the end, no winner was declared in the face-off between pens and lenses. And that’s a good thing. Whether with a pen or a camera, the act of recording things visually forces us to pay attention to our surroundings. It helps us see things with new eyes when we take the time to look. And that’s all that matters." Gabriel Campanario, fundador do Movimento Internacional Urban Sketchers

03 julho 2016

Prémio Acesso Cultura 2016 - Audiodescrição de Obras do MNAC

17 de Junho de 2016
Um final de tarde ventoso numa sexta feira bem quente desta primavera atípica.

A entrada do Museu Nacional de Arte Contemporânea encheu-se de pessoas em conversa animada, cumprimentos calorosos e alguns membros do grupo Foto&Sketchers 2´´ estrategicamente sentados nas cadeiras laterais para melhor apanhar os perfis.


Chegada a hora, a presidente da Associação Acesso Cultura, Dália Paulo, fez o discurso de abertura e passou a palavra à directora executiva, Maria Vlachou, que convidou todos os presentes a subirem às salas do museu onde seriam apresentadas, pelo curador da exposição, três obras que por sua vez seriam áudio-descritas pelas formandas do Curso Introdução às Técnicas de Áudio-descrição da Acesso Cultura.

Joaquim Rodrigo
Lourdes Castro
Pedro Paiva e João Maria Gusmão
Correndo o risco de parecer politicamente incorrecta, acho que a experiência não correu muito bem.
Não só por serem muitas pessoas que não cabiam em cada sala à frente das obras.
Também pelo altivo e visivelmente contrariado curador, a quem não foi dada oportunidade de explanar a sua sabedoria.
E sobretudo, apenas na minha opinião pessoal e ignorante na matéria, as deficitárias áudio-descrições das peças artísticas em causa.

A fria descrição das formas, dos tamanhos e dimensões, da disposição dos elementos, do contraste claro / escuro, dos efeitos luz / sombra, das cores... mesmo considerando que a pessoa cega tem esses conceitos todos bem definidos na sua mente, não serve.

Quando a arte é um meio subjectivo de comunicação como poderá ser apreciada por alguém cego se ele próprio não a puder sentir e interpretar com algum dos seus outros sentidos?
A única descrição minimamente fiável de uma obra será a do próprio autor, caso seja interpretativa e emocional. Mas há muitos pintores que libertam os seus quadros para serem apreciados personalizadamente por cada um dos espectadores e não gostam de transmitir as suas motivações. E há, claro, aqueles que já cá não estão para o fazerem e não deixaram nenhum registo nesse sentido.

Valorizo, disso não tenham dúvidas, o sistema de áudio-descrição como ferramenta de inclusão cultural, mas duvido da eficácia no caso de quadros, de pintura, mormente nos moldes apresentados nesta ocasião.


Assim que voltámos para a entrada do museu começou a divulgação e a entrega dos prémios. 

Felizmente, mesmo tendo perdido o lugar sentado na cadeira, houve quem investisse afincadamente nos desenhos.
Parabéns, gente gira dos FS 2´´ !




1 comentário:

  1. Obrigada pelo registo do meu momento de transe, Raquel. Por certo absorvi toda a adrenalina da visita guiada. Quanto às descrições, não fiz a experiência dos olhos fechados, mas creio que qualquer palavra fará sempre luz no túnel dos que a não veem. Enfim, já temos mote para um próximo encontro ;-)

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