17 de Junho de 2016
Um final de tarde ventoso numa sexta feira bem quente desta primavera atípica.
A entrada do Museu Nacional de Arte Contemporânea encheu-se de pessoas em conversa animada, cumprimentos calorosos e alguns membros do grupo Foto&Sketchers 2´´ estrategicamente sentados nas cadeiras laterais para melhor apanhar os perfis.
Chegada a hora, a presidente da Associação Acesso Cultura, Dália Paulo, fez o discurso de abertura e passou a palavra à directora executiva, Maria Vlachou, que convidou todos os presentes a subirem às salas do museu onde seriam apresentadas, pelo curador da exposição, três obras que por sua vez seriam áudio-descritas pelas formandas do
Curso Introdução às Técnicas de Áudio-descrição da Acesso Cultura.
|
Joaquim Rodrigo |
|
Lourdes Castro |
|
Pedro Paiva e João Maria Gusmão |
Correndo o risco de parecer politicamente incorrecta, acho que a experiência não correu muito bem.
Não só por serem muitas pessoas que não cabiam em cada sala à frente das obras.
Também pelo altivo e visivelmente contrariado curador, a quem não foi dada oportunidade de explanar a sua sabedoria.
E sobretudo, apenas na minha opinião pessoal e ignorante na matéria, as deficitárias áudio-descrições das peças artísticas em causa.
A fria descrição das formas, dos tamanhos e dimensões, da disposição dos elementos, do contraste claro / escuro, dos efeitos luz / sombra, das cores... mesmo considerando que a pessoa cega tem esses conceitos todos bem definidos na sua mente, não serve.
Quando a arte é um meio subjectivo de comunicação como poderá ser apreciada por alguém cego se ele próprio não a puder sentir e interpretar com algum dos seus outros sentidos?
A única descrição minimamente fiável de uma obra será a do próprio autor, caso seja interpretativa e emocional. Mas há muitos pintores que libertam os seus quadros para serem apreciados personalizadamente por cada um dos espectadores e não gostam de transmitir as suas motivações. E há, claro, aqueles que já cá não estão para o fazerem e não deixaram nenhum registo nesse sentido.
Valorizo, disso não tenham dúvidas, o sistema de áudio-descrição como ferramenta de inclusão cultural, mas duvido da eficácia no caso de quadros, de pintura, mormente nos moldes apresentados nesta ocasião.
Assim que voltámos para a entrada do museu começou a divulgação e a entrega dos prémios.
Parabéns, gente gira dos FS 2´´ !